Células cutâneas são transformadas em neurônios

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Experiência abre perspectiva de uso de células da pele para gerar tecidos para transplante, no futuro

Thomas Vierbuchen/Marius Wernig

Neurônios derivados a partir de células da pele de camundongos

WASHINGTON - Pesquisadores transformaram células cutâneas normais de ratos diretamente em neurônios, sem a necessidade de células-tronco ou mesmo de assemelhados, ampliando enormemente o campo da medicina regenerativa.


A experiência abre a perspectiva de que um dia seja possível retirar uma amostra da pele de um paciente para transformar as células em um tecido sob medida para transplantes no tratamento de doenças cerebrais, como os males de Parkinson e Alzheimer, ou para a cura de lesões de coluna.

"Este estudo é um enorme salto à frente", disse Irving Weissman, diretor do Instituto para a Biologia da Célula-Tronco e da Medicina Regenerativa na Universidade Stanford, na Califórnia, onde o trabalho foi feito e patenteado.

Trabalhos anteriores com células-tronco em ratos puderam ser repetidos em humanos em questão de meses.

Os especialistas também esperam reprogramar células comuns para transformá-las em outros tipos de células, de modo a ajudar na substituição de fígados deteriorados e no tratamento de doenças como diabete e câncer.

Em artigo na revista Nature, os pesquisadores disseram ter usado apenas três genes para transformar as células cutâneas diretamente em neurônios, que eles batizaram de "células neuronais induzidas".

"Induzimos ativa e diretamente um tipo de célula para se tornar um tipo completamente diferente de célula", disse Marius Wernig, da Universidade Stanford, que dirigiu o estudo. "São neurônios totalmente funcionais. Eles podem fazer todas as coisas principais que os neurônios fazem no cérebro".

Wernig se disse surpreso com o sucesso do trabalho. Cientistas achavam até então que era necessário fazer as células regredirem a um estágio mais primitivo antes que elas pudessem mudar de direção.

"Para ser muito honesto, eu não tinha certeza de que iria funcionar. Foi um desses projetos de alto risco e alta recompensa", disse Wernig por telefone. "Funcionou, na verdade relativamente rápido".

A equipe já está tentando fazer o mesmo com células humanas, mas Wernig disse que nesse caso parece ser um pouco mais complicado.

O grande foco da medicina regenerativa tem sido as células-tronco embrionárias humanas, que retêm a capacidade de gerar qualquer tipo de tecido do organismo. Mas seu uso é polêmico e restrito.

Nos últimos anos, os cientistas também conseguiram fazer células cutâneas regredirem para um estágio semelhante ao das células-tronco, quando são chamadas de células-tronco pluripotentes induzidas.

A nova experiência pula todas essas fase intermediária e, embora não signifique de imediato que não há necessidade do uso de células-tronco embrionárias, ela sugere que há um caminho para evitá-las.

Um problema das novas células é que elas não proliferam bem em laboratório e não vivem tanto quanto as células-tronco primitivas. Mas Wernig disse acreditar que será possível transformar as células cutâneas em todos os outros tipos.

"É preciso apenas encontrar o coquetel de transcrição correto, e você poderá transformar qualquer coisa que quiser em qualquer (outra) coisa que quiser", disse Wernig.

Fatores de transcrição são genes que dizem o que outros genes têm de fazer. Cada célula no organismo contém todo o mapa do DNA, ou genoma, mas só determinados genes operam em certas células.

Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cientistas-transformam-celulas-cutaneas-em-neuronios,502474,0.htm

Células-tronco "vira" carne de porco

terça-feira, janeiro 26, 2010

Projeto de pesquisa financiado pelo governo holandês busca formas de produzir carne para alimentação


LONDRES - Pode chamar de lombo de proveta - uma técnica para transformar células-tronco suínas em tiras de carne que, cientistas acreditam, poderá um dia oferecer uma alternativa ecológica para a criação de gado, aliviar a fome do mundo e evitar que alguns porcos virem bacon.

Pesquisadores holandeses têm cultivado carne suína em laboratório desde 2006, e embora reconheçam que ainda não acertaram a mão na textura (a carne de laboratório tem a consistência de escalopes), dizem que a tecnologia terá implicações para a produção de alimentos.

Amostras de tecido suíno produzidas em laboratório por equipe holandesa. Divulgação/AP

"Se tomamos as células-tronco de um porco e as multiplicamos por um milhão, precisaremos de menos um milhão de porcos para conseguir a mesma quantia de carne", disse Mark Post, um biólogo da Universidade de Maastricht envolvido no Consórcio Carne In-Vitro, uma rede de instituições de pesquisa financiada pelo governo holandês.

Diversos outros grupos, nos EUA, Escandinávia e Japão, também estudam formas de produzir carne em laboratório, mas o projeto holandês é o mais avançado, disse Jason Matheny, que estudou alternativas à carne convencional na Escola de Saúde Pública Bloomberg, da Universidade Johns Hopkins, e que não tomou parte na pesquisa de Maastricht.

Nos EUA, estudos semelhantes já foram financiados pela Nasa, que esperava que os astronautas conseguissem cultivar carne no espaço. Mas depois que o processo produziu apenas camadas de carne extremamente finas, a Nasa desistiu e concluiu quer seria melhor que os astronautas seguissem dietas vegetarianas.

Para fazer carne de porco no laboratório, Post e colegas isolaram células-tronco de músculo suíno. Eles então puseram essas células num banho rico em nutrientes, para que se multiplicassem.

Até agora, só foram produzidas tiras de carne com cerca de 1 centímetro de comprimento. Para criar um pequeno bife, Post estima que seriam necessários 30 dias de replicação celular.

Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cientistas-transformam-celulas-tronco-em-carne-de-porco,496368,0.htm

Enxerto de pele que combate hipertensão

segunda-feira, janeiro 25, 2010


Enxerto é feito com células modificadas geneticamente para produzir hormônio que combate a pressão alta

SÃO PAULO - Pesquisadores dos Estados Unidos e da Alemanha criaram um enxerto de pele capaz de reduzir a pressão arterial. Testado em camundongos, o enxerto foi capaz de reduzir a pressão sanguínea dos animais, e impediu que os roedores alimentados com uma dieta rica em sal desenvolvessem pressão alta. O trabalho é descrito no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

O enxerto foi criado a partir de um material chamado Equivalente à Pele Humana, ou HSE, na sigla em inglês. O HSE é obtido a partir de uma matriz de colágeno, preenchida com células de tecido conjuntivo e recoberta com células de pele humana. Para o estudo divulgado na PNAS, as células foram modificadas com a introdução, por meio de vírus, de um gene extraído do músculo cardíaco, e que produz uma substância que naturalmente reduz a pressão, o peptídeo natriurético atrial, ou ANP.

Além de obter células de pele capazes de liberar ANP no organismo, os pesquisadores conseguiram estimular a produção da substância, induzindo a geração de quantidades maiores, por meio da aplicação, sobre o local do enxerto, de colchicina, um remédio normalmente usado no tratamento de gota. "A colchicina garante que um número maior de células produzirá o ANP", diz um dos autores do trabalho, Jonathan Vogel, do Departamento de Dermatologia do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos.

Vogel explica que, caso a técnica chegue a ser adotada em humanos, um creme de colchicina, aplicado sobre o enxerto, poderia ser utilizado para controlar a quantidade de ANP liberada pelas células. Segundo ele, essa seria a única medicação necessária para regular a pressão do paciente, eliminando o uso dos remédios atuais.

"Também não seria preciso usar drogas contra a rejeição do tecido enxertado", diz ele. "As células usadas para fazer o HSE seriam do próprio paciente, e os genes inseridos também são genes humanos comuns, o que não produziria uma resposta imunológica".

O enxerto foi testado in vitro e em camundongos, que além do pedaço de pele artificial receberam também implantes de monitores para acompanhar sua pressão arterial. Animais de controle, sem enxerto, também foram monitorados. Os que receberam a pele artificial tiveram menor pressão média e não sofreram aumento de pressão quando alimentados com uma dieta com excesso de sal. Exames revelaram a presença de ANP humano no sangue dos camundongos enxertados.

Vogel diz que é improvável que as células do enxerto venham a, por exemplo, se espalhar pelo restante da pele. "Isso só aconteceria se o novo gene trouxesse uma grande vantagem de crescimento às células, mas nossos estudos não indicam que o ANP dê esse tipo de vantagem", afirma. E, embora reconhecendo que o uso de vírus para modificar as células do enxerto pode abrir caminho para o desenvolvimento de tumores, o pesquisador considera que, no caso do enxerto de pele "a probabilidade é muito baixa".

"Uma vantagem da terapia gênica por meio da pele é que é relativamente fácil remover os enxertos se algum efeito colateral ocorrer", acrescenta.

O cientista diz que ainda são necessários mais estudos antes que se possam iniciar os testes em humanos. E, se esses testes forem bem-sucedidos, quanto os enxertos chegarão ao mercado? "Boa pergunta", diz Vogel. "Infelizmente, não tenho como responder".

Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cientistas-criam-enxerto-de-pele-que-combate-hipertensao,493898,0.htm


Novo Viagra funciona em 15 minutos

quarta-feira, janeiro 13, 2010


SÃO PAULO – Em teste, novo medicamento contra a disfunção erétil mostrou dar resultados 15 minutos após a ingestão.

A empresa farmacêutica Vivus anunciou ontem que sua nova droga, o avanafil, chegou a funcionar neste tempo para 72% dos pacientes de um dos grupos do experimento.

O Viagra, medicamento mais conhecido para o tratamento da condição, leva de 30 minutos a uma hora para agir no organismo.

O teste foi feito com 646 homens com histórico de problema de disfunção erétil nos último seis meses; 72% deles já havia tentado pelo menos um outro método para resolver o problema.

Os pacientes passaram por um período de quatro semanas sem nenhum tratamento e foram divididos em quatro grupos para ingestão de avanafil por 12 semanas: com dosagens de 50mg, 100 mg e 200mg, ou ingerindo um placebo.

Não houve qualquer tipo de restrição a ingestão de bebidas alcoólicas ou alimentos. O resultados mostraram que quem tentou manter relações sexuais 15 minutos após tomar o remédio teve sucesso em 67%, 69% e 72% das vezes para as dosagens de 50, 100 e 200 mg respectivamente.

Apenas 29% dos pacientes tomando o placebo tiveram resultado nesse tempo.Já os pacientes ingerindo a dosagem de 200 mg tiveram ereção suficiente para manter a relação em 80% das tentativas.

Esta é a terceira fase de testes exigidos pela FDA (Food and Drug Administration), agência que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos. Em todas as dosagens, não houve grandes efeitos colaterais constatados, sendo os mais graves dor de cabeça e corrimento e congestão nasais.

Submetido ao FDA em dezembro de 2009, o medicamento ainda precisa passar pelos testes com homens diabéticos e com aqueles que sofrem de disfunção erétil após a retirada da próstata. No total, serão 1.300 pacientes.

Fonte: http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/novo-viagra-funciona-em-15-minutos-12012010-42.shl

Celular pode proteger contra Alzheimer

terça-feira, janeiro 12, 2010

Resultados de pesquisa abrem possibilidades para o desenvolvimento de tratamentos sem medicamentos e não-invasivos

WASHINGTON (- Um estudo realizado com ratos sugere que o uso de telefones celulares pode ajudar na prevenção contra alguns dos efeitos degenerativos da doença de Alzheimer, divulgaram pesquisadores norte-americanos.

Após serem sujeitos a ondas eletromagnéticas semelhantes às usadas em aparelhos celulares por longos períodos de tempo, ratos modificados geneticamente para desenvolver a doença de Alzheimer se saíram bem em testes de memória e raciocínio -- tão bem quanto ratos saudáveis, segundo os pesquisadores em artigo publicado na revista Journal of Alzheimer's Disease.

Os resultados foram uma grande surpresa e abrem possibilidades para o desenvolvimento de tratamentos sem medicamentos e não-invasivos, explicou na quarta-feira o autor principal do artigo, Gary Arendash, da Universidade do Sul da Flórida.

Ele esperava que a exposição a aparelhos celulares aumentaria os efeitos da demência.

"Muito pelo contrário, esses ratos eram protegidos se a exposição aos celulares começasse no início da fase adulta. Ou se a exposição começasse depois de terem desenvolvido problemas de memória, ela revertia essa deficiência", afirmou Arendash em entrevista telefônica.

Os ratos foram expostos a ondas eletromagnéticas equivalentes aos emitidos por um aparelho celular na cabeça de um ser humano por duas horas diárias num período de sete a nove meses.

Ao final desse período, foi descoberto que a exposição aos telefones celulares eliminava o acúmulo da proteína beta-amilóide, principal indicador da doença de Alzheimer.

Os ratos com Alzheimer demonstraram melhora e reversão da patologia neurológica.

"Ela (a onda magnética) previne contra a agregação da proteína maligna no cérebro", disse Arendash. "As descobertas são intrigantes para nós porque abrem portas para um novo campo na neurociência, acreditamos nós, que é o de efeitos a longo prazo dos campos eletromagnéticos na memória".

Arendash disse que sua equipe estava modificando a experiência para ver se poderiam produzir efeitos mais rápidos e começar testes em humanos.

Apesar de décadas de pesquisa, existem poucos tratamentos eficazes e nenhuma cura para a doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência. Muitos tratamentos tiveram resultados promissores em ratos mas pouco efeito em seres humanos.

Mais de 35 milhões de pessoas no mundo sofrerão da doença de Alzheimer e outras formas de demência em 2010, segundo a Associação de Alzheimer.

Fonte:http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/celular-pode-proteger-contra-alzheimer-08012010-0.shl