Robôs do futuro sabem pedir ajuda

sábado, abril 10, 2010

Investigadora portuguesa da Carnegie Mellon
fala dos “co-bots”


Manuela Veloso
Manuela Veloso
Para Manuela Veloso, professora catedrática portuguesa da Universidade norte-americana de Carnegie Mellon, aquilo que define a próxima geração de robôs é a capacidade de decidir quando pedir “uma ajuda se faz favor”.

No seu departamento de ciências computacionais, já há dois destes “co-bots”, ou robôs de companhia, que desempenham tarefas simples, como ir buscar café, chá, água ou papéis e trazê-los de volta, e outras mais complexas, como guiar visitantes, pedindo ajuda a quem passa, conseguindo ultrapassar situações imprevistas, como uma porta fechada.

“Com os algoritmos que temos, os robôs decidem de maneira autónoma que precisam de ajuda e planeiam a quem vão pedir ajuda: aquela pessoa costuma ajudar, aquela não pode ser interrompida, aquela nunca diz as coisas certas, aquela não gosta de robôs”, explica Manuela Veloso.

“Introduzi um paradigma diferente. Agora o robô tem nos seus algoritmos a capacidade de perguntar, pedir ajuda: olhe, se faz favor, abra-me esta porta”
, diz em declarações à agência Lusa a propósito do fórum anual da associação de académicos e investigadores portugueses nos Estados Unidos que se realiza hoje e amanhã.

Em comparação, nalguns dos robôs mais sofisticados do mundo, como os “rovers” que a NASA tem em Marte, a acção é comandada à distância por humanos, não havendo iniciativa da parte da máquina. O desenvolvimento dos “co-bots” está a ser apoiado por uma empresa norte-americana – cujo nome é mantido em segredo - interessada na comercialização, que ainda enfrenta desafios.

“Estamos a fazer isto para que um dia se possa comprar. Mas não é trivial. Esta empresa está preocupada com coisas que ultrapassam a minha parte de investigação técnica”, não havendo ainda ideia precisa sobre quando possam chegar “às lojas”, diz Manuela Veloso.

Robôs  ajudam em tarefas
Robôs ajudam em tarefas
Geração "simbiótica"


Esta nova geração que a professora de Carnegie Mellon designa de “simbiótica” pode ser particularmente útil no desempenho de tarefas em locais públicos – como hospitais, museus ou no metropolitano - e em interacção com humanos. Dois anos depois do início do projecto, o passo seguinte é ter dois robôs a circular fora do departamento, em toda a Universidade. Até 2015, o objectivo é ter dez robôs operacionais.

“Foi a minha primeira paixão, torná-los autónomos. Faltava uma forma de operarem nestes ambientes muito complexos: como conseguir evitar cadeiras, mesas, não bater nas pessoas?”,
recorda a professora, que mantém uma colaboração com o departamento de robótica do Instituto Superior Técnico, onde se formou antes de ir para os Estados Unidos em 1984.

Grande adepta do programa de associação da universidade norte-americana, onde lecciona desde 1992, com congéneres portuguesas, Manuela Veloso afirma que voltar a radicar-se em Portugal é “difícil”, mas também “hoje é tudo digital, portanto interessa pouco onde se está”. “Tenho reuniões em teleconferência com o Técnico todas as semanas, há uma aluna lá com quem trabalho. E sou só um exemplo, neste programa há imensos professores norte-americanos que têm relações científicas com o Técnico, Porto, Aveiro Coimbra…”.

“Abriram-se portas incríveis para a presença científica internacional em Portugal. Muita gente aqui não sabia o que era a faculdade em Portugal e agora trabalha com portugueses”, afirma Manuela Veloso.

Fonte:http://www.cienciahoje.pt/

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