Cientistas criam pulmões artificiais para transplantes

segunda-feira, junho 28, 2010

Órgãos de porcos e macacos podem vir a ser úteisEsquema da técnica usada pelos cientistas (Crédito: Yale University)



Um estudo publicado hoje na Science dá um passo para o futuro em que os pulmões para transplantes e para a investigação científica se fabricam em laboratório.

O método é ainda experimental e pode demorar décadas a tornar-se realidade, mas a mostrar-se viável poderia acabar com a enorme escassez de pulmões para transplantes em todo o mundo.


Esta investigação pode desenvolver ainda uma nova geração de órgãos artificiais sem necessidade de testes de laboratório em animais.

Os autores afirmam ter conseguido reconstruir um pulmão de um rato que tinha sido previamente esvaziado. A técnica, já utilizada para reconstruir corações, fígados e outros órgãos, consiste em retirar todas as células de um pulmão de um rato adulto através de detergentes especiais.

O resultado é um tecido em forma de pulmão sem veias, alvéolos, DNA ou qualquer outros rastro do dador do órgão.

Introduz-se esse esqueleto num tanque que imita um útero e é banhado por células de ratos recém-nascidos. Também se injecta ar para que recupere a elasticidade, característica fundamental na respiração. Em oito dias o órgão está pronto para sair do tanque e ser transplantado.

Estrutura, órgãos e células

“Os pulmões ainda não são perfeitos, mas já demonstramos que funcionam”, explica Thomas Petersen, investigador da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e co-autor do estudo.

Após o tratamento, os pulmões recuperam os componentes que permitem a respiração.

Uma vez injectadas, as células epiteliais reconstroem os alvéolos.

Outro tipo de células, as endoteliais, reconstrói os vasos sanguíneos que enviam o oxigénio ao resto do corpo. Transplantados em ratos receptores, os pulmões funcionaram correctamente durante duas horas.

“Nesta fase, só queríamos provar que é possível usar esta técnica para reproduzir o intercâmbio de gases que faz com que seja possível respirar”
, explica Petersen que garante que a sua equipa já está a preparar outras experiências de maior duração.

“Como apenas usámos a estrutura e não o órgão em si, acreditamos que também poderíamos usar pulmões de porco ou de chimpanzé para futuros transplantes em humanos”, declara o co-autor que adverte: “Chegar a aplicar isto numa clínica poderia levar vinte anos”.

Fonte:http://www.cienciahoje.pt/

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