Investigadores estabelecem gene referencial
para intestino do microbioma humano
Bactérias que regulam a flora intestinal |
Um estudo publicado na última edição da revista «Nature» mostra que, em 3.3 milhões, genes microbianos existentes nos intestinos superam em larga escala o número estimado para o corpo humano. Cientistas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL), em Heidelberg (Alemanha) – em colaboração com o projecto MetaHIT e colegas chineses do Instituto Genómico de Pequim –, estabeleceram um gene referencial para o intestino do microbioma humano, através de uma espécie de catalogação.
O trabalho mostra que podem ser usadas técnicas fiáveis para sequenciar amostras ambientais, e permitindo compreender melhor como manter o equilíbrio microbiano. “Saber que combinação de genes é necessária para preservar o equilíbrio dos micróbios que prosperam no nosso intestino, permite-nos usar amostras de fezes, uma forma de análise não-invasiva, como medida de saúde”, explicou Peer Bork, do grupo EMBL.
Segundo este investigador, “Um dia poderemos tratar alguns problemas de saúde, através de um iogurte que contenha a bactéria certa no seu fabrico”. Recorde-se que já existem iogurtes com ‘bífidus activo’ que permitem obter uma melhoria da digestão e do funcionamento do intestino, alterando a flora intestinal de modo a preservar o equilíbrio bacteriano.
O catálogo de genes microbianos acostados pelo intestino humano também será útil como uma referência para futuros estudos, com o objectivo de investigar as relações entre a constituição genética das bactérias e doenças específicas ou o estilo de vida das pessoas, tais como a dieta praticada.
Investigadores defendem um dia bastará comer iogurtes como tratamento |
Bactérias sobreviventes
Do ponto de vista bacteriano, o intestino humano pode não ser o melhor lugar para morar, com um pH baixo, pouco oxigénio e luz. Além disso, têm de desenvolver meios para sobreviver aos desafios do ambiente onde se encontram – precisamente um dos pontos que este estudo tenta desvendar.
A equipa de investigação conseguiu identificar os genes que cada bactéria precisa para sobreviver no intestino, assim como os que são necessários para a comunidade [de bactérias] se desenvolver; mas não terá de acontecer da mesma forma com todas: se uma precisar de produzir um determinado composto, outra poderá não precisar de fazê-lo.
Este avanço pode explicar outra das conclusões a que chegaram os cientistas, nomeadamente que o intestino microbiano de diferentes seres humanos é mais semelhantes do que se pensava: parece haver um conjunto comum de genes em pessoas diferentes, provavelmente porque conseguem assegurar determinadas funções. No futuro, os investigadores querem tentar perceber se a mesma espécie ou diferentes bactérias contribuem para estes genes em diferentes seres humanos.