Investigadora portuguesa da Carnegie Mellon
fala dos “co-bots”
Manuela Veloso |
No seu departamento de ciências computacionais, já há dois destes “co-bots”, ou robôs de companhia, que desempenham tarefas simples, como ir buscar café, chá, água ou papéis e trazê-los de volta, e outras mais complexas, como guiar visitantes, pedindo ajuda a quem passa, conseguindo ultrapassar situações imprevistas, como uma porta fechada.
“Com os algoritmos que temos, os robôs decidem de maneira autónoma que precisam de ajuda e planeiam a quem vão pedir ajuda: aquela pessoa costuma ajudar, aquela não pode ser interrompida, aquela nunca diz as coisas certas, aquela não gosta de robôs”, explica Manuela Veloso.
“Introduzi um paradigma diferente. Agora o robô tem nos seus algoritmos a capacidade de perguntar, pedir ajuda: olhe, se faz favor, abra-me esta porta”, diz em declarações à agência Lusa a propósito do fórum anual da associação de académicos e investigadores portugueses nos Estados Unidos que se realiza hoje e amanhã.
Em comparação, nalguns dos robôs mais sofisticados do mundo, como os “rovers” que a NASA tem em Marte, a acção é comandada à distância por humanos, não havendo iniciativa da parte da máquina. O desenvolvimento dos “co-bots” está a ser apoiado por uma empresa norte-americana – cujo nome é mantido em segredo - interessada na comercialização, que ainda enfrenta desafios.
“Estamos a fazer isto para que um dia se possa comprar. Mas não é trivial. Esta empresa está preocupada com coisas que ultrapassam a minha parte de investigação técnica”, não havendo ainda ideia precisa sobre quando possam chegar “às lojas”, diz Manuela Veloso.
Robôs ajudam em tarefas |
Esta nova geração que a professora de Carnegie Mellon designa de “simbiótica” pode ser particularmente útil no desempenho de tarefas em locais públicos – como hospitais, museus ou no metropolitano - e em interacção com humanos. Dois anos depois do início do projecto, o passo seguinte é ter dois robôs a circular fora do departamento, em toda a Universidade. Até 2015, o objectivo é ter dez robôs operacionais.
“Foi a minha primeira paixão, torná-los autónomos. Faltava uma forma de operarem nestes ambientes muito complexos: como conseguir evitar cadeiras, mesas, não bater nas pessoas?”, recorda a professora, que mantém uma colaboração com o departamento de robótica do Instituto Superior Técnico, onde se formou antes de ir para os Estados Unidos em 1984.
Grande adepta do programa de associação da universidade norte-americana, onde lecciona desde 1992, com congéneres portuguesas, Manuela Veloso afirma que voltar a radicar-se em Portugal é “difícil”, mas também “hoje é tudo digital, portanto interessa pouco onde se está”. “Tenho reuniões em teleconferência com o Técnico todas as semanas, há uma aluna lá com quem trabalho. E sou só um exemplo, neste programa há imensos professores norte-americanos que têm relações científicas com o Técnico, Porto, Aveiro Coimbra…”.
“Abriram-se portas incríveis para a presença científica internacional em Portugal. Muita gente aqui não sabia o que era a faculdade em Portugal e agora trabalha com portugueses”, afirma Manuela Veloso.
Fonte:http://www.cienciahoje.pt/
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